Como Ganahr Dinheiro Com Site Ou blog

Últimas Notícias

Resenha do Livro "Jesus existiu ou não?" Bart D. Ehrman




por Edy Marques

Livro "Jesus existiu ou não?" do autor  Bart D. Ehrman.

Algumas considerações importantes, antes de começar a leitura do livro. Como historiador, eu concordo com a fala do historiador Michel de Certeau, que diz que a fala do historiador parte de um lugar e um lugar interessado (não existe imparcialidade). Com isso, não quero dizer que a História seja uma invenção. Existem métodos e técnicas a seguir que todo historiador tem a obrigação de por em prática durante sua "operação historiográfica" para fazer de fato um trabalho da Ciência Histórica.
Sobre o livro ...
É um livro muito bom, confrontador, desmitifica ou tentar desmitificar muitas coisas sobre o cristianismo e a figura histórica de Jesus. Ehrman deixa claro que foi um pastor evangélico e que agora é um agnóstico com inclinações ateístas. Logo, qualquer explicação sobrenatural e que seja teológica, para ele não faz sentido algum. Pois esse não é o campo da história e sim da teologia e não cabe ao historiador querer provar a existência do sobrenatural, embora o profissional da história seja livre para acreditar em qual crença que ele quiser. Por outro lado em seu em seu texto, os argumentos do autor em favor da negação do sobrenatural, parecem ser considerados verdades absoluta e incontestáveis.

Erhman, é um historiador e deixa claro que o trabalho dos historiadores, consistem em buscar a verdade ou quando não é possível, buscar as verossimilhanças e até usar de probabilidades para concluir seu texto. Não tem como o historiador descobrir algo que aconteceu no passado com absoluta certeza, resta apenas uma tentativa de usar o método historiográfico de reconstruir o passado (ou se aproximar o mais próximo possível do real), a partir das fontes/vestígios deixados pelo homem no tempo. 

Outro ponto bem mais importante do seu livro é a resposta sobre o título do livro? "Jesus Existiu ou Não?". O autor responde: Sim. Ehrman, defende que existiu um homem chamado Jesus, que nasceu na cidade de Nazaré e viveu na palestina do século I, que foi  um professor judeu e apocalíptico, que foi crucificado sobre sobre a ordem de Pilatos. Isso ele explica maravilhosamente, e até exaustivamente em seu livro. O autor refuta os argumentos dos que defendem que Jesus não existiu e que foi mais um mito inventado.
Como o sobrenatural está além do alcance do método científico, Ehrmam utiliza-se de argumentos baseados em probabilidades para dar uma explicação alternativa e fica perceptível  a forte subjetividade em seu texto. Embora o autor ao mesmo tempo parece tentar negar isso durante todo o livro.

Portanto, ele é um cético (nada contra), mas durante o seu livro vai argumentando tentando desqualificar qualquer erudito cristão que acredita na inspiração da bíblia cristã, como sendo realmente a palavra de Deus, chamando os eruditos de cristãos conservadores e fundamentalistas, no sentido pejorativo mesmo. É como se pelo fato dele ter deixado de ser cristão, estivesse agora em um patamar mais alto e todo argumento de um cristão em defesa de Cristo, independente de sua formação acadêmica/profissional não valesse no debate.

Para o autor todo o lado sobrenatural sobre Jesus, não é real. Preste bastante atenção nesse ponto, quando você for ler. Ele usa de alguns argumentos bastantes duvidosos, as vezes falaciosos, pois o mesmo não consegue encontrar uma resposta absoluta para explicar alguns feitos de Jesus, mas diz que é bem mais provável que tenha acontecido A ou B ... ( o que é normal em algumas questões históricas)  e quando chega em questões essências para a fé cristã sobre os milagres e algo ligado ao sobrenatural. Ele diz que isso não interessa ao campo da história (enquanto ciência). Pois tudo o que podemos saber de fato, as respostas deveriam ser baseadas na probabilidades (desde que essas não sejam baseadas no sobrenatural) do que teria realmente acontecido para explicar o sobrenatural, embora para ele parece ser bastante verdade a conclusão da negação do sobrenatural.

Mas por qual o motivo ele faz isso? Por qual motivo rejeita os estudos de outros eruditos cristãos que contam outra história em outra perspectiva sobre Jesus e este sendo considerado DEUS? E por qual motivo rejeitar os cristãos que utilizam de argumentos históricos, filosóficos e teológicos para defender a verdade sobre Cristo? Acredito que seja o seu apego ao naturalismo filosófico e ao cientificismo e até um sentimento de anticristianismo. A rejeição ao Sobrenatural é o ponto de partida de sua narrativa e sempre ele retorna pra ela

Contudo, é interessante perceber na narrativa esses pontos mencionados, é como se ele tivesse que provar para todos que o sobrenatural não existe. Já li livros de historiadores que não são cristãos - autores que sabem separar o seu ofício e sua crença na hora da construção do seu texto - e que tem como objeto de estudo o cristianismo, o "Jesus Histórico", etc e que não tem essa mágoa que o Ehrman tem com o cristianismo. A narrativa do autor  deixou-me a impressão que o seu  trabalho de História está mais preocupado em parecer uma apologia a negação da divindade de Cristo. Acredito que seria mais interessante o autor fazer apenas um trabalho historiográfico e não querer fazer uma 'apologia reversa' da negação da divindade de cristo.

Destarte,  é um livro muito bom, desperta a curiosidade, mas as vezes é bastante enfadonho, pois parece que o autor está argumentando em círculos.

Enfim, para aqueles que se interessam pela leitura do livro. Segue uma dica:
Após ler o livro do Ehrmam, é necessário também ler outros livros de autores com outras perspectivas. Ressalto que  é bom ver outros lados e pesar os argumentos, como o próprio Ehrman diz neste livro. E que ao final da leitura do livro, você pode concordar que a questão do Sobrenatural fica mais no campo da fé do que na ciência em si. Você pode terminar de ler o livro do Ehrman e se tornar um agnóstico/ateu ou fortalecer mais a sua fé, ao ler outros livros como contraponto. 


Nenhum comentário