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Resenha do Livro: Aqui nos Firmamos: natureza e caráter da fé Luterana - Hermann Sasse

 por Edy Marques 

Eu tinha algumas dúvidas que até então não tinham sido esclarecidas de forma contundente a respeito das divisões e ramificações das igrejas protestantes, principalmente as de linhas luteranas e reformadas. Uma dessas dúvidas pode ser sintetizada da seguinte forma: Porque as principais igrejas evangélicas herdeiras da Reforma Protestante do século XVI não conseguem unir-se? Sabendo que mais de 500 anos se passaram e várias tentativas foram feitas, principalmente na Alemanha para uma “Igreja Unida”. Apesar disso, ambas estão separadas. Por qual motivo?

É muito comum se deparar com argumentos vindo do meio reformado que a Igreja Luterana não é uma verdadeira Igreja Evangélica, pois ainda tem muito da superstição da Igreja Medieval Romana, e que a Igreja Luterana não fez uma reforma completa. Não é verdade que a Igreja Luterana fez uma reforma parcial e que a igreja reformada fez uma reforma completa? 

Eram respostas para essas questões que eu esperava encontrar no livro, não por ter dúvidas confessionais nesse ponto, já que sou luterano confessional e hoje estou muito longe do cristianismo reformado, mas eu queria entender melhor os argumentos dos teólogos luteranos.
O capítulo que me prendeu bastante a leitura foi o capítulo III: “As diferenças doutrinárias entre a Igreja Luterana e a Igreja Reformada”, por conta dos questionamentos acima citados. Nesse capítulo, o autor explica ponto a ponto sobre questões essenciais como: Evangelho, Fé, Igreja, Justificação e Predestinação, Encarnação. Enfatizando as diferenças e entendimentos de ambas igrejas, o autor defende a fé luterana das acusações reformadas, pietistas e iluministas, deixando claro que o motivo da separação não é algo sectário, mas fruto de uma consciência cativa a verdade revelada em Cristo/Palavra de Deus. 

Voltando a pergunta: Não é verdade que a Igreja Luterana fez uma reforma parcial e que a igreja reformada fez uma reforma completa? Hermann Sasse deixa muito claro, que não.
O autor mostra durante o livro que a igreja Luterana tem os seus motivos, ao meu ver bem convincentes, para não ter comunhão de Altar com a Igreja Reformada, e que a recusa de Lutero na disputa de Marburgo, não dividiu as reformas, como alegam alguns teólogos, mas apenas reafirmou o que os luteranos sempre acreditaram e que a primeira Igreja Evangélica Confessional (Confissão de Augsburgo) endossou . 

Sobre o autor, esse é o primeiro livro que leio dele, e as minhas impressões do Sasse que ficam é  que ele era um teólogo com muito conhecimento histórico e teológico no campo da História da Igreja, e como um bom teólogo e defensor da sua confessionalidade luterana, ele explica de forma excepcional sobre a identidade que define o caráter e natureza da Igreja Evangélica Luterana, respondendo às perguntas: o que é ser luterano? O que é a Igreja Evangélica Luterana? Os seus argumentos têm por base as Confissões Luteranas no livro de Concórdia (1580) e muito conhecimento histórico/teológico a respeito do debate. Esse foi apenas um dos capítulos que eu gostei bastante, mas é um livro que dificilmente, para quem ama teologia histórica, não tem um capítulo desinteressante.

Destarte, realmente é um livro que me deixou de “boca aberta”, pois eu não conhecia um terço do assunto abordado no livro, e lógico aprendi demais com a leitura a respeito da minha confissão de fé. O autor consegue explicar de maneira direta, clara e objetiva essas diferenças e claro defender sua posição. Se você ficou curioso, vá atrás de ler esse livro. Recomendo a leitura, tantos Luteranos como para Reformados e curiosos, todos deveriam ler esse livro para entender o motivo dessas igrejas irmãs não serem "unidas".

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